Dizem que o brasileiro já é acostumado a crises e costuma se
sair muito bem nelas. Não deixa de ser verdade, já que as crises (tanto
políticas quanto econômicas) no país são cíclicas e, de uma forma ou de outra,
a população fica sempre com as antenas ligadas caso surjam sinais de que uma
nova onda negativa esteja para chegar. Especialmente nas crises, econômicas,
todos os setores são afetados, de produtos a serviços, e tudo acaba refletindo
no bolso dos consumidores. Uma das reclamações mais ouvidas nos telejornais se
refere ao preço do pão e do café nas padarias. Muitos brasileiros preferem
tomar seu café fora de casa, por morarem sozinhos ou por praticidade, e estes
sentiram o aumento da crise atual. O trigo e o café, ambos com valores
atrelados ao dólar subiram vários pontos percentuais.
As padarias sempre seguram as altas da matéria-prima de seus
produtos o máximo possível, mas quando o limite é ultrapassado, não tem jeito:
sobe-se os preços. Mas há formas de reduzir os custos de produção para dar uma
ajudinha aos clientes fieis, e uma delas é usar misturas para pães pré-prontas, cujo valor é mais baixo do que a
soma dos valores de cada ingrediente separado e apresentam um bom rendimento.
Arte feminina
Culturalmente mais habituadas ao ambiente culinário, as
mulheres costumam ser peritas na arte de economizar no uso das matérias-primas
das receitas, um talento que costuma ser ensinado entre as gerações da família,
já que é praticamente uma única geração não ter experimentado pelo menos uma
situação de crise econômica – seja do país, seja doméstica. E como são muito
criteriosas quanto à qualidade, a economia quase nunca é percebida por quem
prova dos pratos depois.
Este talento pode e deve ser transportado para as cozinhas
das padarias. As misturas prontas para
pães, além de terem um forte aspecto econômico por serem mais baratas,
também representam ganho de tempo na preparação dos pães. Com isso, os
funcionários ganham tempo para outras preparações mais elaboradas.
Outras economias
Além do uso das misturas
prontas para pães, as padarias podem reduzir a produção dos produtos com
menos saída ou fabricá-los em dias específicos ao invés de diariamente. Além de
ampliar o tempo disponível para dedicar-se à produção de outros produtos,
cria-se um aumento na demanda por estes produtos nestes dias, criando um
movimento chamativo para outros clientes.
Mas mais do que proporcionar uma estratégia auto-suficiente
de marketing, com essa estratégia pode-se diminuir a aquisição de matéria-prima
e salvar mais dinheiro em caixa; com mais dinheiro em caixa, pode-se segurar os
preços dos produtos tradicionais (como o cafezinho e o pão francês) por mais
tempo sem repassar os aumentos ao consumidor final. Com estes produtos
tradicionais mais baratos, atrai-se clientes de outras padarias cujos preços
foram aumentados, e o fluxo de caixa aumenta. E ninguém fica sem seu cafezinho
sagrado de todas as manhãs.
Os brasileiros agradecem!
