Uma leoa vai à caça na savana africana. Quieta sobre uma rocha, ela usa a visão aguçada para localizar uma presa em potencial para saciar sua fome e a de seus filhotes. De repente ela percebe uma gazela não muito distante, distraída e sozinha, se alimentando de uma pequena touceira de capim verde. A leoa não tem dúvidas: achou seu alvo. Rebaixa o corpo até que ele fique rente ao chão; apesar do enorme peso, anda com suavidade e com passos tão leves e calculados que o mato seco sob seus pés mal farfalha. A respiração está sob controle, assim como seus batimentos cardíacos, mas suas pupilas estão bem dilatadas e atentas. Mal pisca. Rebaixada como está, ficou mais baixa que a altura do capim seco e a gazela não teria como vê-la nem se procurasse. Mas a leoa não perde a presa de vista e, quando está pronta e segura, dá o bote. Não precisou de mais nada. A presa está morta e o alimento da prole está garantido.
Da vida real para o tiro esportivo
As mulheres que praticam tiro esportivo provavelmente conseguiram se identificar com algumas passagens acima. Engana-se quem pensa que atirar é como nos filmes, em que o atirador mira sua .38 e já sai atirando – e acertando perto de 16 ou 17 bandidos. Além de não perder bala nenhuma, ainda faz elas se multiplicarem dentro do tambor! Brincadeiras à parte, atirar para a certar requer mais do que um roteiro de filme e ângulos de câmera. Requer muita, MUITA concentração, e essa concentração só é atingida quando o atirador consegue controlar sua respiração com seus batimentos cardíacos – e ainda, alinhar tudo isso à forma de seu corpo sustentar o peso da arma.
Faça um teste: segure uma régua longa como se fosse um rifle e “mire” para um ponto específico. Pode parecer fácil, mas repare que a ponta da régua, mesmo tão leve, não para quieta na mesma direção. Ela varia – e muito -, e se fosse uma arma de verdade e você não tivesse o controle dessa oscilação, provavelmente erraria o alvo todas as vezes.
E toda mulher atiradora sabe: concentrar-se para acertar o alvo num campo de treino de tiro esportivo airsoft significa deixar a vida inteira pra trás, esquecer-se completamente dos problemas, das notas baixas dos filhos na escola, do que está faltando na despensa, do documento do carro que ainda não chegou, do sapato novo da colega de serviço que você quer um igual, do ronco do namorado... Quer melhor terapia do que essa?
Força e leveza
Um bom tiro é a soma de vários fatores, e os principais são: a concentração (que já mencionamos), a leveza para conduzir a arma na direção do alvo milimetricamente e a resistência para suportar o peso da arma com os braços esticados (no caso de tiro com pistola) por vários segundos sem sentir as costas queimarem. No caso de tiro com rifle, mais pesado, além da resistência é preciso força para mantê-lo em posição.
Por isso, não é incomum encontrar mulheres atiradoras em academias de ginástica. O fortalecimento e braços, pernas e tronco é fundamental para uma boa prática de tiro (além de manter o corpo em dia). Quem não curte academia mas adora nadar parte para a natação e a hidroginástica. Mas não importa qual prática esportiva a mulher escolhe: se faz bem para o corpo, fará para a mente, e ambos os benefícios serão extensivos aos treinos de tiro esportivo.
Algumas mulheres têm dificuldade com os chamados “movimentos finos”, que são aqueles movimentos lentos e precisos, ditados por nossa coordenação motora. Na maioria dos casos, esses movimentos podem ser treinados com yoga, pilates, aulas de dança, até mesmo com a prática de desenho e pintura ou culinária (ou qualquer outra atividade que envolva movimentos de pequena amplitude). Essa dica também serve para os homens que, por terem mais força muscular, também costumam ter dificuldade em movimentos leves.
“Mas é obrigatório fazer tanta coisa para ser uma boa atiradora?” Não é obrigatório, mas são dicas de amigos (e amigas) que, se seguidas, vão melhorar muito o desempenho e o rendimento nos campos de treino. Afinal, mesmo que a intenção seja praticar tiro esportivo airsoft apenas por hobby, se sair bem sempre faz bem pro nosso ego, não é mesmo? E dá uma sensação incrível de satisfação ver que aquele tiro acertou o centro do alvo em cheio! Por que não investir na melhoria da prática?
Mas se bater dúvida sobre a necessidade de tanta preparação, ou se quiser saber outras formas possíveis, pode-se sempre procurar uma atiradora e bater um bom papo! Afinal, uma leoa sempre tem algo a ensinar a outra. ;)
